Capítulo 5 – A Verdade por Trás do Golpe



Salvador, 24 de Junho de 2035 

O arquivo pesava 12 gigabytes, Criptografado em três camadas com senha aleatória renovada a cada tentativa, o grupo axé.zip levou semanas para decifrá-lo e quando o fizeram, mandaram para Glória um link seguro com um recado direto:

“Você merece ser a primeira a ver isso.

Respire fundo antes de abrir.”

E ela respirou.

O quarto estava escuro, a rua estava quieta, o ventilador rangia no canto do quarto e então finalmente glória tomou coragem clicou no link, o navegador pediu uma chave de ativação e ao digitar a senha enviada por eles a tela explodiu em linhas de texto, planilhas, vídeos internos, memorandos e uma cronologia digital cuidadosamente construída. Nos primeiros minutos, ela não entendeu, mas então após ler cuidadosamente e checar as datas os padrões começaram a se formar.

O plano havia começado há quase dez anos.

2025 – A Origem

O então deputado estadual Paolo Fonseca com o apoio do então prefeito da cidade, B.Kings, fundou discretamente, uma empresa de "pesquisa urbana" chamada Eixos Bahia S/A. A empresa firmou convênios com universidades públicas, ONGs e empresas de telefonia para mapear “hábitos e padrões populacionais”. A desculpa era planejamento urbano mas os relatórios revelavam outra coisa: um rastreamento da população, baseado em localização, linguagem, consumo e até frequência religiosa.

Sede da Eixos Bahia localizada no Itaigara


2027 – A Conexão com Carla

Carla Fonseca, ainda influenciadora em ascensão, fundou a sua empresa de produtos de beleza: a Gold Beauty S.A

Formada em Marketing e Comunicação, oficialmente ela era listada apenas como CEO e diretora de marketing, mas na prática ela alimentava e salvava de forma ilegal nos servidores da empresa dados coletados em massa de compras feitas pelos seguidores, alguns dos vários dados coletados eram nome, profissão, local de moradia, gostos e hábitos e até a rede de contatos.

Gold Beauty Shopping Barra


Um arquivo de voz marcava um ponto-chave:

“Ela é perfeita pra isso, Paolo. Ela faz as pessoas gostarem até das ideias que elas jamais aceitariam de um político.”

Dizia uma voz masculina não identificada

2028–2030 – A Fase Beta

O projeto foi testado em escalas menores, campanhas de bairro, ajustes em algoritmos locais para manipular a opinião pública. Os documentos mostravam mapas de calor social: bairros que tinham forte influência cultural eram marcados como “zonas culturais de interferência”. E as estratégias para silenciá-los envolviam apagamento cultural e desvalorização midiática.

2030–2034 – Preparando o Golpe

Os arquivos detalhavam reuniões com membros do alto escalão, compras de empresas de segurança digital, contratos com agências internacionais de vigilância e com a empresa de Carla. Tudo orientado para uma transição: a criação de uma cidade-vitrine, onde o progresso esconderia o controle, e o discurso de ordem abafaria a cultura viva.

Uma planilha nomeada “Axé_50anos_FINAL” mostrava o cronograma do golpe com precisão:

2 dias antes do Carnaval: ajuste dos sensores de monitoramento

1 dia antes: injeção de capital privado em contratos emergenciais

Homenagem aos 50 Anos do Axé: O Golpe e processo de censura iniciada

15 dias depois: recadastramento obrigatório da população

Glória lia com as mãos trêmulas, havia provas demais e medo demais.

Um documento assinado digitalmente por Paolo continha a frase:

“A cidade é deles enquanto eles acreditarem que ela ainda é.”

Na mesma noite, Glória salvou cópias em dois pendrives, escondeu um no fundo da geladeira, outro no quintal. Já na manhã seguinte, ela começou a escrever um dossiê, Completo, Verdadeiro e Irrefutável.

E dessa vez, Paolo não tinha para onde fugir.

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